Corpo Discente - Egressos

Janaina Pinheiro Gonçalves
TítuloETNOCONHECIMENTO E MANEJO DA AGROBIODIVERSIDADE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA AMAZÔNIA ORIENTAL: UM ESTUDO EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA, PARÁ, BRASIL
Data da Defesa31/03/2023
DownloadVisualizar a Tese(7.29MB)
Banca

ExaminadorInstituiçãoAprovadoTipo
Dra. Eloísa Helena de Aguiar Andrade MPEGSimPresidente
Dr. Alfredo Kingo Oyama HommaEMBRAPASimMembro
Dr. Altem Nascimento PontesUEPASimMembro
Dr. Jeferson Miranda CostaIFPASimMembro
Dr. Osmar Alves LameiraEMBRAPASimMembro
Palavras-ChavesAmazônia. Biodiversidade agrícola. Conhecimento Tradicional. Quilombos.
ResumoOs remanescentes quilombolas possuem uma estreita relação com o ambiente natural onde a terra é um espaço de convivência, resistência e perpetuação dos conhecimentos ancestrais, o que define e marca sua identidade étnica e cultural. Essas interações e relações do manejo da diversidade entre e dentro de espécies, os conhecimentos tradicionais e o manejo de múltiplos agroecossistemas é o que define a agrobiodiversidade. Neste sentido, a presente tese objetivou compreender a dinâmica do manejo da agrobiodiversidade e o etnoconhecimento nas comunidades quilombolas de várzea e terra firme no município Abaetetuba, Pará e suas relações com as formas locais de organização da produção, do espaço e do trabalho. Inicialmente, foi realizada uma abordagem cienciométrica acerca dos estudos envolvendo agrobiodiversidade em comunidades quilombolas do Brasil, no período de 2002 a 2021, e paralelo a isso, realizou-se uma pesquisa de campo no Município de Abaetetuba, Pará, nas comunidades Ramal Bacuri e Rio Baixo Itacuruçá, situadas em área quilombola. Os dados foram coletados no período de dezembro de 2019 a abril de 2021, por meio de observação direta, entrevistas semiestruturadas e a técnica da turnê-guiada. As espécies vegetais e animais citadas foram agrupados em categorias de uso baseadas na classificação dada pelo interlocutor, com identificação por meio de coleta e herborização. Os dados foram tratados por meio de técnicas de estatística descritiva, determinação de frequências e para aferir diferença estatísticas entre as idades dos informantes nas duas comunidades utilizou-se o teste de Mann Whitney, haja vista que não houve normalidade nos dados, o teste foi realizado no programa R (R Development Core Team 2010). Os resultados parcialmente encontrados demonstram que no período analisado foram encontradas 39 produções acadêmico-científicas on-line, onde a maioria (17) foram dissertações, com pesquisas concentradas, principalmente, na região sudeste do país. Quanto às comunidades em estudo, foram entrevistadas 157 unidades familiares, com idades variando entre 19 e 89 anos, os quais já residem nas localidades há mais de 30 anos. Nestas comunidades, as plantas medicinais funcionam como primeiro recurso no auxílio à saúde, já que não há atendimento médico nas localidades. As espécies florestais foram presentes em apenas 34,3% das propriedades visitadas, com destaque para a família Fabaceae, com maior número de citações para acapú (Vouacapoua americana Aubl.) e sapucaia (Lecythis pisonis Cambess). Ao considerar o termo agrobiodiversidade e sua relação com as comunidades quilombolas no Brasil, é possível considerar que as pesquisas acadêmico-científicas ainda são pouco desenvolvidas e divulgadas na rede de internet, principalmente quando se compara a biodiversidade agrícola mantida por inúmeras comunidades quilombolas ao longo do território nacional. No que tange às comunidades quilombolas Ramal Bacuri e Rio Itacuruçá, as unidades familiares são formadas, predominantemente, por indivíduos nativos, residentes há décadas em seus locais, sobrevivendo por meio de suas atividades agrícolas e extrativistas o que favorece sua reprodução social e a conservação e valorização da agrobiodiversidade local.
AbstractThe remaining quilombolas have a close relationship with the natural environment where the land is a space for coexistence, resistance and perpetuation of ancestral knowledge, which defines and marks their ethnic and cultural identity. These interactions and relationships of diversity management between and within species, traditional knowledge and the management of multiple agroecosystems is what defines agrobiodiversity. In this sense, this thesis aimed to understand the dynamics of agrobiodiversity management and ethnoknowledge in quilombola communities in the várzea and terra firme in Abaetetuba, Pará and their relationships with local forms of organization of production, space and work. Initially, a scientometric approach was carried out on studies involving agrobiodiversity in quilombola communities in Brazil, from 2002 to 2021, and parallel to this, a field survey was carried out in the municipality of Abaetetuba, Pará, in the Ramal Bacuri and Rio de Janeiro communities. Baixo Itacuruçá, located in a quilombola area. Data were collected from December 2019 to April 2021, through direct observation, semi-structured interviews and the guided tour technique. The cited plant and animal species were grouped into use categories based on the classification given by the interlocutor, with identification through collection and herborization. The data were treated using descriptive statistics techniques, determination of frequencies and to assess statistical differences between the ages of the informants in the two communities, the Mann Whitney test was used, given that there was no normality in the data, the test was performed in the R program (R Development Core Team 2010). The partially found results demonstrate that in the analyzed period, 39 academic-scientific productions were found online, where the majority (17) were dissertations, with research concentrated mainly in the southeastern region of the country. As for the communities under study, 157 family units were interviewed, aged between 19 and 89 years old, who had already resided in the localities for more than 30 years. In these communities, medicinal plants function as the first resource in health aid, since there is no medical care in the localities. Forest species were present in only 34.3% of the properties visited, with emphasis on the Fabaceae family, with the highest number of citations for acapu (Vouacapoua americana Aubl.) and sapucaia (Lecythis pisonis Cambess). When considering the term agrobiodiversity and its relationship with quilombola communities in Brazil, it is possible to consider that academic-scientific research is still poorly developed and disseminated on the internet, especially when comparing the agricultural biodiversity maintained by numerous quilombola communities throughout the National territory. With regard to the quilombola communities Ramal Bacuri and Rio Itacuruçá, family units are predominantly formed by native individuals, residents for decades in their places, surviving through their agricultural and extractive activities, which favors their social reproduction and conservation and appreciation of local agrobiodiversity.
Parceiros