Título | PADRÕES ESPACIAIS, ESTRUTURA E DINÂMICA DA COMUNIDADE MEIOFAUNAL DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA REGIÃO LITORÂNEA DO GOLFÃO MARANHENSE |
Data da Defesa | 27/10/2023 |
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Banca
Examinador | Instituição | Aprovado | Tipo |
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Dra. Marianna Basso Jorge | UFMA | Sim | Membro | Dra. Verônica Maria de Oliveira | UEMA | Sim | Membro | Dr. Jorge Luiz Silva Nunes | UFMA | Sim | Presidente | Dr. Sávio Henrique Calazans Campos | IEAPM | Sim | Membro | Dr. Thuareag Monteiro Trindade dos Santos | UFPA | Sim | Membro |
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Palavras-Chaves | Bentos; Litoral Amazônico Brasileiro; Macromarés; Maranhão. |
Resumo | A zona costeira é um ambiente em constante mudança e que está sob influência direta de
processos naturais e ações humanas. É composta por diversos ecossistemas, como lagunas
costeiras, praias e restingas, que são essenciais para a biodiversidade e oferecem vários
recursos para as populações humanas. No entanto, o rápido crescimento urbano e atividades
humanas desordenadas ameaçam a região, tornando-a uma das áreas mais ambientalmente
vulneráveis do mundo. A meiofauna bêntica, composta por organismos microscópicos que
habitam os sedimentos, desempenha um papel crucial nos ecossistemas costeiros. Ela exerce
um papel importante no fluxo de energia nos sistemas bênticos, servindo como alimento para
outros organismos, além de ser usada como indicador de qualidade ambiental. Apesar disso,
as comunidades meiofaunais são pouco estudadas no Brasil, especialmente na região Nordeste
e na Costa Amazônica. Considerando a importância ecológica desse componente do bento, o
presente estudo teve como objetivo descrever os padrões espaciais, a estrutura e a dinâmica
das comunidades meiofaunais na região litorânea do Maranhão (Brasil). Para isso, foram
realizadas coletas de substratos na Ilha do Medo, Laguna da Jansen, Praia do Araçagy, Praia
do Calhau e Praia de São Marcos, em áreas de restingas, bancos de areia e poças de maré.
Uma análise cientométrica também foi realizada para verificar o interesse científico em
estudos acerca da influência da heterogeneidade espacial na colonização de diferentes
substratos por organismos meiofaunais (Capítulo 1). A análise revelou que as macroalgas são
o substrato mais frequentemente estudado, especialmente a invasora Sargassum muticum
(Yendo) Fensholt (1955). Os Estados Unidos e o Brasil são os países mais produtivos nessa
área de pesquisa. Análises multivariadas, especialmente o Escalonamento Multidimensional
Não Métrico (nMDS), são comumente usadas. Nos últimos anos, houve um declínio no
número de estudos, possivelmente devido ao surgimento de linhas de pesquisas mais atrativas
para os meiobentologos. Também foi analisado o papel da arquitetura do habitat de Spartina
alterniflora Loisel (1807) e Ulva lactuca Linnaeus (1753) na estruturação das comunidades
meiofaunais do Golfão Maranhense (Capítulo 2). Os resultados indicaram que a
complexidade estrutural afetou a riqueza, mas não a densidade da meiofauna. S. alterniflora, o
substrato mais complexo, abrigou uma maior abundância e riqueza de táxons meiofaunais do
que U. lactuca. Por fim, foram avaliados os padrões de distribuição espacial da meiofauna em
três áreas com diferentes níveis de perturbação (Capítulo 3). Foram identificadas diferenças
significativas na distribuição espacial da meiofauna em função da perturbação antropogênica.
A área mais poluída visualmente (Laguna da Jansen) apresentou densidade e riqueza maiores
do que o esperado. O estudo sugere que a Praia do Calhau (área classificada como
moderadamente impactada) sofre impactos ambientais significativos. Dentre as variáveis
ambientais consideradas nesse estudo, a salinidade, matéria orgânica, tamanho do grão do
sedimento e concentração de nitrato, foram as que mais influenciaram a estrutura da
comunidade meiofaunal. Ainda há pouco conhecimento sobre as dinâmicas das comunidades
meiofaunais na região costeira do Maranhão, de modo que estudos futuros são necessários
para compreender as relações entre a meiofauna e o substrato, além dos processos
estruturantes desta comunidade biológica.
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Abstract | The coastal zone is a constantly changing environment under the direct influence of natural
processes and human actions. It consists of diverse ecosystems, such as coastal lagoons,
beaches, and sandbanks, which are essential for biodiversity and provide various resources for
human populations. However, rapid urban growth and disorderly human activities threaten the
region, making it one of the most environmentally vulnerable areas in the world. Benthic
meiofauna, composed of microscopic organisms that inhabit sediments, play a crucial role in
coastal ecosystems. It plays an important role in the flow of energy in benthic systems,
serving as food for other organisms, as well as being used as an indicator of environmental
quality. Despite this, meiofaunal communities are poorly studied in Brazil, especially in the
Northeast and along the Amazon coast. Considering the ecological importance of this
component of the benthos, this study aimed to describe the spatial patterns, structure, and
dynamics of meiofaunal communities in the coastal region of Maranhão (Brazil). To this end,
substrates were collected from Ilha do Medo, Laguna da Jansen, Praia do Araçagy, Praia do
Calhau, and Praia de São Marcos in areas of restingas, sandbanks, and tide pools. A
scientometric analysis was also carried out to verify the scientific interest in studies on the
influence of spatial heterogeneity on the colonization of different species (Chapter 1). The
analysis revealed that macroalgae are the most frequently studied substrate, especially the
invasive Sargassum muticum (Yendo) Fensholt (1955). The United States and Brazil are the
most productive countries in this area of research. Multivariate analyses, especially nonmetric multidimensional scaling (nMDS), are commonly used. In recent years, there has been
a decline in the number of studies, possibly due to the emergence of more attractive lines of
research for meiobentologists. We also analyzed the role of the habitat architecture of
Spartina alterniflora Loisel (1807) and Ulva lactuca Linnaeus (1753) in structuring the
meiofaunal communities of the Golfão Maranhense (Chapter 2). The results indicated that
structural complexity affected the richness but not the density of meiofauna. S. alterniflora,
the most complex substrate, harbored a greater abundance and richness of meiofaunal taxa
than U. lactuca. Finally, the spatial distribution patterns of meiofauna in three areas with
different levels of disturbance were assessed (Chapter 3). Significant differences were
identified in the spatial distribution of meiofauna as a function of anthropogenic disturbance.
The most visually polluted area (Laguna da Jansen) showed higher density and richness than
expected. The study suggests that Calhau Beach (an area classified as moderately impacted) is
suffering significant environmental impacts. Among the environmental variables considered
in this study, salinity, organic matter, sediment grain size, and nitrate concentration influenced
meiofaunal community structure. There is still little knowledge about the dynamics of
meiofaunal communities in the coastal region of Maranhão, so future studies are needed to
understand the relationships between meiofauna and the substrate, as well as the structuring
processes of this biological community.
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