Corpo Discente - Egressos

Daniela Pauletto
Título"SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA AMAZÔNIA ORIENTAL: ANÁLISE DA ADOÇÃO, COMPOSIÇÃO E CARACTERISTICAS SOCIOAMBIENTAIS"
Data da Defesa04/04/2025
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ExaminadorInstituiçãoAprovadoTipo
Carlos Tadeu dos Santos DiasUFCSimMembro
Flávia Cristina Araújo LucasUEPASimMembro
Lucietta Guerreiro MartoranoEmbrapaSimPresidente
Michelliny Pinheiro de Matos BentesEmbrapa Amazônia OrientalSimMembro
Walmer Bruno Rocha MartinsUFRASimMembro
Palavras-Chavesagrobiodiversidade; hortos caseiros; policultivo; portfólio agroflorestal; produção de alimentos.
ResumoEste trabalho de tese está organizado em formato de artigos, composto por uma revisão bibliográfica e outros quatro artigos com ênfase na composição e riqueza de sistemas agroflorestais (SAFs). Esses sistemas são considerados promissores devido à diversificação da produção; no entanto, ainda existem lacunas significativas, como a compreensão dos fatores que influenciam sua adoção, a composição e dinâmica das espécies, além da percepção dos agricultores sobre esses sistemas. Tais lacunas limitam a expansão dessa modalidade de cultivo e dificultam a formulação de incentivos adequados. Diante desse contexto, o objetivo principal desta tese é avaliar a composição, riqueza, dinâmica e fatores que influenciam a implantação de SAFs na Amazônia Oriental, considerando variáveis ambientais e sociais. O estudo foi conduzido com três grupos de dados, distribuídos em duas tipologias de SAFs: a) Quintais agroflorestais (QAFs) urbanos e rurais, localizados em Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra; b) SAFs comerciais na modalidade silviagrícola, com coleta de dados em oito municípios paraenses; c) Pesquisa sobre QAFs e SAFs comerciais mantidos por agricultores familiares integrantes do Projeto Prosaf em Belterra/Pará. A discussão também se fundamenta em uma revisão de escopo para identificar lacunas nas temáticas abordadas. O artigo 1, referente à revisão de escopo, evidenciou a liderança do Brasil nas pesquisas sobre SAFs na Amazônia, a diversidade de enfoques adaptados aos contextos locais e a predominância de espécies frutíferas nos cultivos. Ressaltou-se a necessidade de suporte externo aos agricultores e de mais estudos sobre manejo, diversidade e inclusão da perspectiva dos agricultores familiares. O artigo 2, que tratou dos QAFs em três municípios, mapeou 5.323 plantas de 188 espécies, com predominância de espécies alimentares e distribuição variável, seguindo o princípio de Pareto. Houve equilíbrio entre espécies nativas e exóticas, com destaque para manga, cupuaçu e laranja. Os QAFs promovem segurança alimentar, conservação da biodiversidade e têm potencial de geração de renda. Os resultados do artigo 3, sobre SAFs silviagrícolas, indicaram 72 espécies distribuídas em 36 famílias botânicas, com destaque para Fabaceae, Arecaceae e Meliaceae. Predominaram espécies alimentares (65,3%), seguidas das florestais (27,8%) e de serviço (6,9%), sendo o cumaru a espécie mais frequente. A maioria dos SAFs apresenta baixa riqueza (2 a 7 espécies) e implantação recente (até 2 anos). A integração de espécies florestais, associada à demanda de mercado, pode atuar como vetor de reflorestamento produtivo. A maior parte dos SAFs foi implantada sem fomento externo, evidenciando a autonomia dos agricultores. No artigo 4, constatou-se que as propriedades variam entre 7 e 189 hectares, sendo a agricultura a principal fonte de renda (71%). Entre as forças dos SAFs, destacou-se a geração de renda (18,2%); entre as oportunidades, a "Infraestrutura e recursos" (21,4%); como fraquezas, "Tratos culturais" e "Assistência técnica" (ambos com 18,1%); e, como ameaça, a "Predação silvestre" (18,8%). Conclui-se que os SAFs em Belterra geram renda, promovem resiliência e segurança alimentar, mas enfrentam desafios como escassez hídrica e falta de assistência técnica, reforçando a necessidade de apoio e fomento. Por fim, o artigo 5 demonstrou que os QAFs em Belterra apresentam alta diversidade de espécies (175) e multifuncionalidade, combinando produção alimentar, medicinal e ornamental com atividades sociais e geração de renda. Predominam espécies frutíferas, como manga, banana e cupuaçu, e as mulheres desempenham papel central em sua manutenção. A estrutura e o manejo variam conforme fatores socioeconômicos e ambientais.
AbstractThis thesis is organized in an article-based format, comprising one literature review and four research articles focusing on the composition and richness of agroforestry systems (SAFs). These systems are considered promising due to their production diversification; however, significant gaps remain, such as understanding the factors influencing their adoption, species composition and dynamics, and farmers’ perceptions. These gaps hinder the expansion of SAFs and complicate the development of appropriate incentives. In this context, the main objective of this thesis is to evaluate the composition, richness, dynamics and factors that influence the implementation of AFS in the Eastern Amazon, considering environmental and social variables. The study was conducted using three datasets, covering two SAF typologies: a) urban and rural agroforestry homegardens (QAFs) in Santarém, Mojuí dos Campos, and Belterra; b) commercial SAFs in silviagricultural arrangements across eight municipalities in Pará; and c) QAFs and commercial SAFs managed by family farmers participating in the Prosaf Project in Belterra. The discussion is also based on a scoping review to identify research gaps. Article 1, the scoping review, highlighted Brazil’s leadership in SAF research in the Amazon, the diversity of approaches adapted to local contexts, and the predominance of fruit species in cultivation. The need for external support to farmers and further studies on management, diversity, and farmers’ perspectives was emphasized. Article 2 mapped 5,323 plants from 188 species in QAFs across three municipalities, showing a predominance of food species and a distribution pattern following the Pareto principle. Native and exotic species were balanced, with mango, cupuaçu, and orange being most prominent. QAFs contribute to food security, biodiversity conservation, and income generation. Article 3, on silviagricultural SAFs, identified 72 species in 36 botanical families, notably Fabaceae, Arecaceae, and Meliaceae. Food species prevailed (65.3%), followed by forest (27.8%) and service species (6.9%), with cumaru being the most frequent. Most SAFs had low species richness (2 to 7) and recent establishment (up to 2 years). The integration of forest species, driven by market demand, may act as a productive reforestation vector. Most SAFs were implemented without external support, demonstrating farmer autonomy. In article 4, property sizes ranged from 7 to 189 hectares, with agriculture as the main income source for 71% of farmers. Strengthsincluded income generation (18.2%); opportunities, infrastructure and resources (21.4%); weaknesses, cultural practices and technical assistance (both 18.1%); and the main threat, wildlife predation (18.8%). SAFs in Belterra generate income, enhance resilience and food security, but face challenges such as water scarcity and lack of technical support, highlighting the need for assistance and incentives. Finally, article 5 showed that QAFs in Belterra have high species diversity (175) and multifunctionality, combining food, medicinal, and ornamental production with social activities and income generation. Fruit species such as mango, banana, and cupuaçu predominate, and women play a central role in their management. Structure and management vary according to socio-economic and environmental factors.
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