Nesta quinta (8) e sexta-feira (9), o auditório da Embrapa Amapá será palco do VIII Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia, evento que neste ano integra também a 1ª Conferência Estadual do Camarão da Amazônia. A programação, que reúne pesquisadores, estudantes, representantes do Ministério da Saúde e autoridades locais, é voltada para discutir a recuperação estratégica dos estoques de camarão na região e fortalecer o mercado do crustáceo.
O evento é essencial para a construção de estratégias que visem à recuperação e sustentabilidade do camarão amazônico, buscando integrar conhecimentos científicos, saberes tradicionais e políticas públicas. Com a participação de diversas figuras importantes da área, o evento visa abordar temas centrais para a sustentabilidade da cadeia produtiva do camarão amazônico.
Alan Cunha, coordenador estadual da Rede Bionorte, destacou a relevância de unir diferentes atores preocupados com a preservação do camarão. "Agregando pesquisadores, extrativistas, ribeirinhos que estão preocupados com a questão do camarão da Amazônia, discutimos a importância da cadeia produtiva do camarão e suas ameaças, como diminuição da espécie", afirmou Cunha.
O Ministério da Saúde, representado por Cristiano Quaresma, coordenador de gestão participativa, enfatizou a urgência do ordenamento pesqueiro para evitar o colapso dos estoques. Quaresma revelou que a demanda por regulamentação partiu dos pescadores do Pará, que têm observado uma drástica redução na produção. "Na última reunião do comitê permanente do Norte, chegou a demanda do ordenamento do camarão amazônico. A demanda veio dos pescadores do Pará, que relataram uma queda acentuada na produção do camarão, bem como propuseram soluções para a situação", explicou Quaresma. Ele ressaltou a importância de se criar uma agenda propositiva com os produtores para enfrentar o desafio.
O professor doutor Jô Farias acrescentou que o debate deve envolver todos os elos da cadeia produtiva, além dos órgãos públicos, propondo três ações fundamentais: "Desenvolvimento do ordenamento pesqueiro, uma política para incentivo da criação do camarão de cativeiro e a qualidade do camarão produzido".
A pescadora ribeirinha Rosalina Batista da Silva, que vive na comunidade da ponte Mazagão Velho, compartilhou sua experiência e a preocupação com o desaparecimento do camarão na região. "Moro na ponte Mazagão Velho, faço parte da associação da nossa comunidade. A gente sempre trabalhou com camarão. Me criei desde os 10 anos trabalhando pescando. Desde 2002, o camarão sumiu de uma tal maneira que não tinha nem para nós nos alimentarmos. Antes, pegávamos 10 toneladas de camarão, éramos 42 famílias. Em 2022, a gente não arrecadou nem 1 kg de camarão", relatou Rosalina.
A programação também conta com a presença de estudantes, como Marcela Carvalho, aluna de Biologia da Universidade Federal do Amapá, que destacou a importância do evento para a formação acadêmica. "Agrega no nosso currículo, poder conhecer novas áreas e futuramente ajudar na nossa questão profissional", disse a estudante.