Com mais de 500 participantes e 87 temáticas, Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia foi realizado em Macapá

O VIII Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia encerrou na última sexta-feira (09), em Macapá, após três dias de intensas discussões acadêmicas. O evento reuniu mais de 580 participantes inscritos, divididos entre modalidades presenciais e híbridas, e contou com 30 atividades paralelas, incluindo palestras, minicursos, mesas redondas e Talkshow. A principal proposta do workshop foi a relação entre a ciência e sua aplicabilidade na região amazônica.

O evento científico deste ano recebeu 87 temas-livres para apresentação, distribuídos por áreas temáticas como: Biodiversidade e Conservação, Bioquímica e Alimentos, Biotecnologia, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Natureza, Ensino de Ciências, Matemática e Engenharias, além de Química Medicinal, Produtos Naturais e Sintéticos. Além dos trabalhos apresentados de forma presencial, foram realizadas 21 apresentações orais no formato virtual que enriqueceram o evento, permitindo uma interação dinâmica e o compartilhamento de conhecimentos em tempo real.

O Prof. Dr. Cleydson Breno, da Rede BIONORTE-Polo Amapá e presidente do evento, destacou a importância do evento para a formação de alunos que atuam na área de Biotecnologia. "Quando falamos de Biotecnologia da Amazônia, estamos formando alunos que sejam capazes de gerar não apenas o conhecimento técnico e científico, mas que essa tese possa gerar um valor econômico e social", explicou.

A bióloga e coordenadora do Polo Maranhão da BIONORTE, Profa. Dra. Raimunda Fortes, da Universidade Federal do Maranhão, reforçou a relevância do workshop para o avanço acadêmico. "O evento é fundamental para a graduação e pós-graduação, pois relacionamos pesquisa básica com pesquisa aplicada, levando à popularização e à aplicação da ciência."

O coordenador da BIONORTE na Amazônia, Prof. Dr. Hector Koolen, elogiou a qualidade dos trabalhos apresentados, enfatizando a parceria com a Associação Brasileira de Química, que trouxe uma abordagem multidisciplinar ao evento.

Um dos destaques do workshop foi a Conferência Estadual do Camarão na Amazônia, que abordou a recuperação estratégica dos estoques de camarão e o fortalecimento do mercado do crustáceo na região. A conferência reuniu pesquisadores, estudantes, representantes do Ministério da Saúde e autoridades locais.

Prof. Dr. Alan Cunha, coordenador estadual da Rede BIONORTE do pólo Amapá, enfatizou a importância da união entre diferentes atores preocupados com a preservação do camarão amazônico. "Agregando pesquisadores, extrativistas, ribeirinhos que estão preocupados com a questão do camarão da Amazônia, discutimos a importância da cadeia produtiva do camarão e suas ameaças, como a diminuição da espécie", afirmou.

Cristiano Quaresma, coordenador de gestão participativa do Ministério da Saúde, chamou a atenção para a urgência do ordenamento pesqueiro. Ele revelou que a demanda por regulamentação partiu dos pescadores do Pará, que têm observado uma queda drástica na produção de camarão. "Na última reunião do comitê permanente do Norte, chegou a demanda do ordenamento do camarão amazônico. A demanda veio dos pescadores do Pará, que relataram uma queda acentuada na produção do camarão, bem como propuseram soluções para a situação", explicou Quaresma.

O evento também deu voz a figuras locais, como a pescadora ribeirinha Rosalina Batista da Silva, que relatou a drástica diminuição dos camarões em sua comunidade. "Desde 2002, o camarão sumiu de uma tal maneira que não tinha nem para nós nos alimentarmos. Antes, pegávamos 10 toneladas de camarão, éramos 42 famílias. Em 2022, a gente não arrecadou nem 1 kg de camarão", compartilhou Rosalina.

Para os estudantes, o workshop foi uma oportunidade de aprendizado e apresentação de projetos. Marcela Carvalho, aluna de graduação em Biologia pela Universidade Federal do Amapá, destacou a importância do evento para a formação acadêmica. "Agrega no nosso currículo, conhecer novas áreas, mais abrangentes. Expande o nosso profissionalismo."

Os estudantes também tiveram a chance de apresentar seus trabalhos, como Natália Nascimento, do curso de Engenharia Elétrica, que exibiu uma maquete sobre energia eólica. "O objetivo é trazer uma simulação completa sobre energia eólica, para o aluno conhecer profundamente", explicou Natália. Já Ana Castro apresentou um estudo sobre as diferenças biológicas dos animais da região, enquanto Janiele Santos, graduanda em Biologia, elogiou o alto nível das palestras e minicursos.

O VIII Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia cumpriu seu papel de fomentar o diálogo entre ciência, tecnologia e a realidade amazônica, promovendo o desenvolvimento sustentável e a preservação dos recursos naturais da região.













Data: 13/08/2024
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