Do Maranhão à Amazônia e à Europa: a trajetória de uma bióloga que aposta na ciência e na biodiversidade como caminho para o futuro sustentável

Aos 29 anos, a bióloga Kellyane Karen Ferreira Aguiar Cesar já trilhou uma jornada acadêmica marcada por desafios, descobertas e conexões entre saberes tradicionais e ciência de ponta. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede BIONORTE, com vínculo institucional na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), sob orientação da Profa. Dra. Rosa Helena Veras Mourão. Recentemente, retornou de uma temporada de mobilidade acadêmica internacional em Coimbra, Portugal, onde realizou seu doutorado “sanduíche” com foco em biotecnologia aplicada ao tingimento natural a partir de plantas amazônicas. A experiência foi conduzida no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), vinculado ao Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), sob a orientação da Profa. Dra. Maria Nazaré Pinheiro.



Essa vivência internacional proporcionou não apenas avanços técnicos em sua pesquisa, mas também a ampliação de sua visão sobre o papel da ciência brasileira no cenário global. “O doutorado sanduíche é uma oportunidade fundamental para a formação de pesquisadores mais qualificados, com capacidade de atuação em contextos acadêmicos e científicos diversos”, explica Kellyane.

Graduada pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA) e mestre pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Kellyane tem forte atuação em pesquisas que envolvem análises microbiológicas e resistência bacteriana. Ao longo de sua trajetória, vem consolidando uma carreira marcada pelo compromisso com a inovação e a sustentabilidade. Em seu doutorado, ela investiga o potencial tintório de espécies vegetais amazônicas como alternativa ecológica aos corantes sintéticos utilizados pela indústria têxtil, promovendo o uso sustentável da biodiversidade.

“A riqueza da flora amazônica, aliada ao conhecimento tradicional sobre suas propriedades, motivou o desenvolvimento de uma pesquisa voltada ao aproveitamento desses recursos de forma científica e responsável”, comenta.

Durante sua estadia em Coimbra, Kellyane teve contato com metodologias diferenciadas e conviveu com pesquisadores de diversas áreas, incluindo engenheiros químicos e biológicos. “Essa convivência interdisciplinar proporcionou novos olhares sobre meu tema de pesquisa. Além disso, pude aplicar técnicas que ainda não estão disponíveis no meu laboratório de origem, o que qualificou os resultados obtidos”, relata.

Apesar dos ganhos acadêmicos e profissionais, a experiência também trouxe desafios significativos. A adaptação a uma nova realidade institucional, as diferenças metodológicas, o distanciamento da família e a burocracia envolvida na obtenção de vistos e recursos foram alguns dos obstáculos enfrentados. “Esses desafios também promovem amadurecimento e nos preparam melhor para atuar em ambientes diversos”, avalia.

De volta ao Brasil, ela pretende aplicar os conhecimentos adquiridos para fortalecer a ciência amazônica e ampliar o diálogo entre saberes locais e tecnologias inovadoras. “A internacionalização pode contribuir para uma ciência mais conectada, inclusiva e comprometida com os desafios socioambientais do século XXI”, afirma.

Kellyane também faz questão de reconhecer o apoio recebido ao longo dessa jornada: “Sou profundamente grata à minha orientadora no Brasil, Profa. Dra. Rosa Helena Veras Mourão, da UFOPA, por seu incentivo constante e por acreditar no potencial transformador desta pesquisa. Da mesma forma, agradeço à Profa. Dra. Maria Nazaré Pinheiro, do ISEC/IPC, por me acolher com generosidade e contribuir significativamente para o aprimoramento técnico e científico do meu trabalho durante o período em Portugal. Estendo ainda meu carinho à colega e amiga Filipa Fonseca, que, junto a outros amigos pesquisadores, tornou essa experiência mais leve, colaborativa e verdadeiramente enriquecedora. Levo comigo não apenas os avanços acadêmicos, mas também vínculos humanos que marcaram profundamente essa etapa da minha vida”, conclui.
Data: 10/05/2025
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